terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Cidades Antigas - Parte 03


EL MIRADOR


       

            De todas as cidades do pré-clássico Maya El Mirador é sem dúvida a maior cidade até então descoberta e jamais foi superada por outra cidade Maya, nem mesmo pelas grandes cidades como Tikal e Kaan do período clássico. Para o arqueólogo Richard Hansen, El Mirador é uma espécie de Jerusalém Maya, ou seja, uma cidade lendária que iria viver na mentalidade dos Mayas posteriores. Seria em El Mirador que se desenvolveria e consolidaria as principais instituições do período clássico, como monarquia divina, as grandes construções e a diplomacia Maya. No inicio de sua descoberta e com a revelação de suas grandes construções pensava que tal cidade não poderia fazer parte do período pré-clássico, pois até então se achava que os Mayas do pré-clássico viviam em pequenas aldeias e ainda não possuíam uma estrutura urbana desenvolvida, portanto era inconcebível para os estudiosos que em pleno pré-clássico se desenvolvesse uma cidade como El Mirador. Foi graça a El Mirador que o pré-clássico ganhou outros contornos e vem cada vez mais sendo empurrado para datas mais distantes.

          El Mirador está a somente 12 km da sua cidade gêmea Nakbé e estão conectadas por uma calçada de cal que parti em direção a outras cidades como Guido e Tintal ao sul da região e pequenas cidade satélite, o que demonstrava um fluxo tanto político e cultura ao redor dessas duas cidades e que iria servi de parâmetro para o sistema político das grandes cidades do clássico como Tikal e Kaan. Sendo que a cidade de Kaan iria se transforma após o declino de El Mirador ao absolve o fluxo populacional da antiga metrópole se tornando na maior cidade do Clássico. 

           Por volta de 300 a.c, como vimos Nakbé entrou em declino, (apesar de sua cidade não ter sido abandonada), a esfera de poder se transferiu para cidade de El Mirador que passou a reinar absoluta sobre as outras cidades como a grande matriz cultural. Seu poder, entretanto não via de sua força militar, mas sim da sua grande produção agrícola bem trabalhada e seus excedentes que atrairia cada vez mais pessoas, transformando-a em uma grande e próspera cidade e isso refletiu nas suas grandes construções. Sua terra pantanosa fornecia um rico material orgânico que proporcionava uma agricultura rentável e graças a sua agricultura a cidade de El Mirador prosperou pelos próximos 450 anos chegando a expandi sua área habitável por uns 20 km e com uma população que ultrapassava milhares. Esse período foi crucial, pois com o desenvolvimento de uma agricultura eficiente houve um surto de crescimento populacional, ou seja, as cidades cresciam cada vez mais o que poderia ter gerado conflitos entre elas, mais tudo indica que esse crescimento ao invés de gerar guerras forçou com que esses habitantes opta-se por o sistema mais centralizado na figura de um líder que pudesse organizar os trabalhos, a construção de diques, canais e expansão constante da lavoura. 

El Tigre


        Seguindo o mesmo padrão da cidade de Nakbé, El Mirador estava divida em dois grandes centros cerimônias cada qual no lado oposto da cidade. O primeiro ficava na zona ocidental e tinha como o complexo principal El Tigre, feito sobre uma planície pantanosa a sua pirâmide central chega a 55 metros de altura e em seu topo se repetia o formato de uma tríade, tão conhecido em Nakbé. Abaixo deste complexo encontramos uma serie de plataformas, praças e outras pequenas pirâmides que provavelmente pode ter sido as residências nobreza. Dessa estrutura o que se destaca é a descoberta abaixo da pirâmide principal, construída sobre a plataforma que serve de base, aonde se encontrar monstruosas mascara de patas de jaguar toda feita de estuco, pintadas de vermelho vivo, podendo indicar a marca de um soberano de El Mirador ou simplesmente uma referência mitológica. 




            Separado por uma calçada de 2 km se encontra o complexo maior, conhecido como o complexo de Danta construído em um terraço de 300 metros de lado e 7 metros de altura aonde se encontrar alguns edifícios e uma pirâmide central de uns 70 metros de altura que hoje se sobressai sobre a selva. Também nesse complexo se encontrou mascaras de deuses, incluindo jaguares que flanqueiam as escadas. Podemos especular que El Mirador nesse período era uma unidade política complexa com capacidade de coagi seus habitantes á construírem essas grandes estruturas, o que sugeri que ela poderia ter sido governada por grandes monarcas e com esse pensamento que o arqueólogo Richard Hansen vem tentando encontra as tumbas desses reis míticos.

Arte e arquitetura a serviço do poder

Danta
      

      Uma das descobertas que surpreendeu os arqueólogos foi o uso do estuco, tão amplamente usado na cidade de Palenque característico de sua arte refinada, fora desenvolvido no pré-clássico e seu uso foi empregado nas grandes construções de El Mirador. Tendo sua base o cal, matéria prima por excelência da arquitetura Maya, o cal era obtido após um longo processo de queima de pedras de cal em fornalhas que se mantinha acessa durante oito a dez horas diária para produzi o pó que iria servi de base para o revestimento das estruturas, calçamento de estradas e impermeabilidade das praças. A sua produção fora feita em larga escala em El Mirador e com ele era possível modelas as mascaras que adornava os edifícios, pintado de vermelho reluzente, azul e amarelo. Através da arquitetura e de sua arte El Mirador podia demonstrar sua imponência refletida no tamanho de suas construções cada vez mais altas e o simbolismo presente nos glifos sagrados empregado nas paredes de seus monumentos, legitimava a ordem social dando a esses templos um ar sagrado que impregnava seus governantes. O símbolo era visível e estava presente em todos os lugares sempre reafirmado sua mensagem, não tendo como escapar dela enquanto estivesse dentro da cidade. Até de longe num cenário de uma floresta plana a pirâmide de Danta com seus mais de 25 andares podia ser vista a distancia impressionando seus visitantes. Mas todo esse esplendor teria um alto preço para a população de El Mirador.

Arqueólogo Richard Hansen


O primeiro colapso Maya. 

             Como o seu calendário cíclico as cidades Mayas sempre estiveram presa em um ciclo de progresso e decadência e El Mirador não fugiu a regra, aliais o estudo do declino de El Mirador nós servi de lição. Até aonde o homem pode prossegui em sua macha pelo progresso? Antes mesmo de o homem moderno começar a polui desenfreadamente o seu meio ambiente os Mayas do pré-clássico já tinha experimentado esse mesmo destino. Vivendo em uma selva El Mirador lutava para conseguir se manter e sustentar sua população sempre crescendo. Sua única esperança era os pântanos que a cercava fornecendo material orgânico, que depois era levado para a cidade aonde era usada nos edifícios, transformando a cidade em um imenso jardim frutífero, assim a população podia expandir sua produção, até certo limite, ultrapassado esse limite era necessário busca novas áreas cultiváveis ou forma novas cidades. 

        A vida dependia desse eterno equilibro e o crescimento demasiado da população poderia implodi todo esse sistema. É de compreende que à medida que a população crescia outras povoações eram feitas a fim de evita esse colapso e o comércio entre essas cidades eram constante mantendo o sistema como todo em funcionamento e suprindo cada região com que lhe faltava, aliais foram basicamente esse mesmo processo que levou a expansão e surgimentos de varias cidade no final do clássico. Entretanto o colapso de El Mirador não se deu pelo seu crescimento demográfico mais sim por sua ânsia construtiva, cada vez maior que se expandia de forma acelerada e necessitava de matéria prima. 

           O cal passou a ser a figura central desse processo, pois sua produção era preciso para construção de novas estruturas e manutenção das existente. Essa demanda por cal cada vez maior por sua vez levava a manutenção constante de grandes fornalhas acesas. Daí quanto mais se construía mais cal se produzia, mais floresta era devastada para manter as fogueiras e com o passar do tempo temos um cenário de uma cidade poluída sempre em atividade que a levava para sua morte. Com as chuvas o cal dos edifícios se desprendia e ia se depositar nos pântanos e esse acumulo de 400 anos levou a infertilidade de seus pântanos que estéreis já não podia produzi para manter sua população interna e nem para exportação, sem excedentes El Mirador perdeu seu poder de troca e entrava em declino. 



           Para acelerar esse processo por volta do ano 100 d.c o clima mudou, ficou mais seco e ao final de 150 d.c a cidade começava a ser abandonada e as pessoas fugiam para áreas cultiváveis, sendo uma delas a cidade de Kaan, que iria nesse tempo começar a se despontar entre as demais cidades. O importante que as cidades como El Mirador e suas cidades subordinada caíram em declino mais nem tudo estava morrendo, cidade pequenas como Tikal continuaram a prossegui assim como outras cidades. A queda de El Mirador teve nessa cidade um efeito de união, suas populações se uniram e para evitar o mesmo fim e começaram suas obras estruturais que garantisse sempre água e um bom cultivo. Nessas cidades esse espírito levou a reforça mais ainda os seus laços entorno de um poder central. E no final de sua queda o poder central de El Mirador se dissipou entre outras pequenas cidades e as novas que surgiam nesse processo. Haveria então um intervalo de 100 anos para que a região volta-se a prospera e começa-se o período clássico, mais nem mesmo no auge do clássico o fenômeno de El Mirador se repetiria novamente. 




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