sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

MITOS MESOAMERICANOS - (MICTLAN) Dança do fogo.



(MICTLAN) Dança do fogo.




Temos aqui um vídeo musical do cantor Jorge Reyes conhecido por suas composições que tem como tema o mundo pré-hispânico. Nesse vídeo vemos o ritual do fogo sendo realizado nas profundezas de Mictlan a terras dos mortos de onde Quetzalcoatl resgatou os ossos sagrados para criar uma nova raça humana. Apesar do vídeo não se referi a esse mito ele serve como uma ilustração do mundo mítico e do teatro asteca. Não se pode deixar de assisti esse vídeo sem imagina uma legião de guerreiros asteca com suas ricas roupas de plumagem travando uma batalha. A fundo do vídeo temos uma pessoa recitando trechos dos cantares de Nezahualcoyolt.






Como uma pintura 
nós seremos apagados. 
Como uma flor, 
Nós secaremos aqui na terra. 
Como vestuário de plumagem das aves zacuán, do pássaro de pescoço de 
borracha
nós vamos acabar... 
Medite, nobres senhores



quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

MITOS MESOAMERICANOS - A viagem a Mictlan

  




        Após os deuses terem criador o quinto sol na cidade de Teotihuacán começa uma nova saga na mitologia do vale do México que terá como personagem principal o deus tolteca Quetzalcoatl, símbolo da civilização e da sabedoria. 

           Quetzalcoatl terá como desafio povoar a terra com uma nova raça humana, para isso será preciso recuperar os antigos ossos sagrados, oriundo das quatro raças que habitaram a terra nas quatro Era passada. Ele então viajar até o reino de Mictlan, o reinos dos mortos, aonde os ossos sagrados foram entregue pelo deus Tonatiuh (deus sol), que mais tarde seria associado ao deus guerreiro Mexica Huitzilopochtli. Tonatiuh havia entregado os ossos sagrados ao deus esqueleto Mictlantecutli, governante do reino dos mortos. Em Mictlan o deus Quetzalcoatl enfrentara diversos obstáculos até conseguiu os ossos sagrados e estabelece uma nova raça humana com ajuda dos outros deuses. 

           O que podemos extrair desse mito são os elementos do sincretismo que os povos do vale do México sofreram. Quetzalcoatl deus tolteca, o representante da civilização entra aqui como um intermediário, uma divindade que se sacrifica em pro da humanidade. Novamente a um retorno ao tema do sacrifico dos deuses como parte essencial da manutenção da vida, só que agora o sacrifício é de outra espécie. Será através da perfuração de seu membro que a vida retornara a terra, o que diferi de uma concepção imaculada cristã. Aqui há uma referência ao sexo como gerador da vida e tal concepção perpassa nos mitos da mesoamerica e estaria presente entre os Mayas, principalmente nos rituais privados aonde os reis Mayas encenavam o mito da criação perfurando o seu membro genitor. 

          Entretanto não pode ser confundido Quetzalcoatl com um deus criador onipotente, pois na verdade ele é um entre vários deuses e se destacar pelo seu amor a humanidade. Outro ponto importante que se deve levar em questão e a citação da cidade de Tamoanchan que para o nahuas era uma espécie de Olimpio aonde os deuses haviam surgido. 

        Segundo alguns mitos, Tamoanchan aparece como o lugar originário dos povos de línguas náhuatl, que após terem saído de lá migraram para a metrópole de Teotihuacán. Historicamente sabemos que Teotihuacán começou a ser construída por volta do ano 300 e que os povos de línguas náhuatl por sua vez chegaram ao lago entre 900 e 1302, ou seja, o mito ao se referi a cidade de Tamoanchan como antecessora tenta fazer uma ponte com passado dos habitantes dessa região, sabe-se que, por exemplo, que os mexicas em outros mitos falariam de um retorno a Tamoanchan por um grupo de sábio, que mais tarde teriam retornado a vale em uma segunda migração a fim de trazer a cultura e a civilização e seriam justamente os mexica os responsáveis por isso, o povo eleito para manter os ciclos terrestres e evita o fim do quinto sol. 

      Toda essa cosmológia só foi possível porque Teotihuacán já se encontrava no sono do esquecimento e tinha se deslocado do mundo histórico para o mundo mitológico, ao mesmo tempo em que segundo os cronistas por volta de 1430 os mexicas teriam promovido uma reforma cultural queimando os antigos livros e criando uma nova cosmologia onde os mexica passariam a figura como o povo escolhido.

       Esse mito hibrido tem o papel de mescla essa duas cultura, a tolteca e a cultura náhuatl ligando os diverso mitos em torno de um só corpo. Por isso que nele aparecem figuras e divindades diversas que teriam entrado no panteão mexica como deuses secundários ou relacionado aos aspectos dos fenômenos naturais e deuses cultuados por diversos povos agrícolas, que vivia abaixo das asas dos mexica e formava um intricado mundo de mitos e lendas e tradições de culturas diversas.





A viagem a Mictlan





E em seguida se convocaram os deuses. 

Disseram: - "Quem vivera na Terra? 

Porque foi cimentado o céu 

e foi cimentada sol 

Que habitará na terra, oh deuses? " 

Estavam aflitos 

Citlalinicue, Citlaltúnac, 

ApaníecuhtH, Tepanquizqui, 

Quetzalcoatl Tezcattipoca. 



E então Quetzalcoatl foi à Mictlan, 

E se aproximou Mictlantecuhtli e Mictlancihuatl 

e em seguida Quetzalcoatl disse: 

- "Eu vim em busca de ossos preciosos 

que tu guardas, 

venho tomá-los. " 

Mictlantecuhtli lhe disse: 

- "O que você vai fazer com eles, Quetzalcoatl?" 

E mais uma vez ele disse [Quetzalcoatl] 

- "Os deuses estão preocupados porque ninguém vive na terra." 

Mictlantecuhtli lhe respondeu: 

- "Está bem, basta tocar o meu caracol 

e gira quatro vezes 

ao redor do meu círculo precioso." 



Mas o seu caracol não tinha buracos; 

então chamou [Quetzalcoatl] as minhocas; 

fez os furos e, em seguida entraram os zangões e as abelhas 

e o fizeram soar. 

E Mictlantecuhtli disse novamente: 

- "Está bem, pegue os ossos." 

Mas Mictlantecuhtli disse aos seus servos: 

- "Gente de Mictlan! 

Deuses, diga Quetzalcoatl 

que ele deve parar. " 

Quetzalcoatl repousou: 

- "Não, desta vez agarre-o." 

E ele disse ao seu nahual: 

- "Vai e diga a eles que eu quero sair." 

E ele gritou: 

- "Eu vou sai." 



Então ele subiu, 

pegou os ossos preciosos. 

Estava juntos de um lado os ossos de um homem 

e, juntos do outro lado os ossos de uma mulher 

e os tomou 

e Quetzalcoatl fez com eles um ato sagrado. 

E mais uma vez Mictlantecuhtli disse aos seus servos 

- "Deus, deveras realmente Quetzalcoatl leva 

os ossos preciosos? 

Deuses vão e façam uma cova. " 

Em seguida, eles foram fazer e 

Quetzalcoatl e caiu na cova, 

Achava-se com medo dos cordiz.. 

Ele caiu morto 

e se espalharam os ossos preciosos 

e os cordiz começaram a roer e morde-lo. 



Após algum tempo ressuscitou Quetzalcoatl 

e chorando disse a sua nahual: 

- "O que devo fazer, meu nahual?" 

E ele respondeu: 

- "Posto que as coisas saíram mau e são como são. 

E recolheram os ossos em seguida os juntou, 

E em seguida levaram a Tamoanchan. 




Logo que chegou, 

ao que é chamado Quiíaztli, 

e que é Cihuacoatl, 

moeu os osso 

e logo em seguida os colocou em uma tigela sagrada. 

Quetzalcoatl sangrou nela seu membro. 

E então os deuses fizeram penitência 

os que foram nomeados: 

Apantecuhtli, Huictlolinqui, Tepanquizqui, 

Tlallamánac, Tzontémoc 

e o sexto deles Quetzalcoatl. 

E eles disseram: 

- "Tem nascido, oh deuses os 

macehuales [merecido por] penitência. 

Porque, nós os deuses 

fizemos penitência. 






Glossário
           CITLALINICUE: De citlalli: "estrella", "astro": posesivo: "sua" e de cuéitl: "fralda", "anágua": A FRALDA DAS ESTRELAS. Aspecto feminino de MIXCOATL que seu aspecto diurno, é CITLALLATONAC, e se diz céu estrelado, noturno, e o céu brilhante, diurno. 

           CIHUACOATL: De cíhuatl: "mulher" e cóatl: "serpente": SERPENTE MULHER, antiga deusa mãe, também clamada de CUAUHCIHUATL: "mulher águia", YAOCIHUATL: "mulher guerreira", TZIZIMICIHUATL: "mulher do ar" 

           MICTLAN - De micqui: "morto" e tlan: "junto a": LUGAR DOS MORTOS. Os espanhóis traduziram "Inferno", pois esta mais para o hardes grego, pois é o local para aonde vai todos que morreram de morte natural independente da sua conduta na terra e sua origem. Mictlan não era o lugar de tormentas e nem castigos aonde se expiava os pecados como o purgatório cristão. Era tenebroso, frio e desaprazível, lugar escuro que não tem luz e nem vento aonde nada se podia sentir e os mortos passavam quatros anos antes que viesse deixa de existi. 


Bibliografia: 

     - GUERRERO, José Luis “Flor y Canto del Nacimiento de México”, Ed. Digitalizada. 

     - Literatura del Mexico antiguo; Ed. Digitalizada. 

      -LÉON-PORTILLA, Miguel “Los antiguos Maxicanos a através de sus crónicas y cantares”: Ed . Digitalizada.







terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Cidades Antigas - Parte 03


EL MIRADOR


       

            De todas as cidades do pré-clássico Maya El Mirador é sem dúvida a maior cidade até então descoberta e jamais foi superada por outra cidade Maya, nem mesmo pelas grandes cidades como Tikal e Kaan do período clássico. Para o arqueólogo Richard Hansen, El Mirador é uma espécie de Jerusalém Maya, ou seja, uma cidade lendária que iria viver na mentalidade dos Mayas posteriores. Seria em El Mirador que se desenvolveria e consolidaria as principais instituições do período clássico, como monarquia divina, as grandes construções e a diplomacia Maya. No inicio de sua descoberta e com a revelação de suas grandes construções pensava que tal cidade não poderia fazer parte do período pré-clássico, pois até então se achava que os Mayas do pré-clássico viviam em pequenas aldeias e ainda não possuíam uma estrutura urbana desenvolvida, portanto era inconcebível para os estudiosos que em pleno pré-clássico se desenvolvesse uma cidade como El Mirador. Foi graça a El Mirador que o pré-clássico ganhou outros contornos e vem cada vez mais sendo empurrado para datas mais distantes.

          El Mirador está a somente 12 km da sua cidade gêmea Nakbé e estão conectadas por uma calçada de cal que parti em direção a outras cidades como Guido e Tintal ao sul da região e pequenas cidade satélite, o que demonstrava um fluxo tanto político e cultura ao redor dessas duas cidades e que iria servi de parâmetro para o sistema político das grandes cidades do clássico como Tikal e Kaan. Sendo que a cidade de Kaan iria se transforma após o declino de El Mirador ao absolve o fluxo populacional da antiga metrópole se tornando na maior cidade do Clássico. 

           Por volta de 300 a.c, como vimos Nakbé entrou em declino, (apesar de sua cidade não ter sido abandonada), a esfera de poder se transferiu para cidade de El Mirador que passou a reinar absoluta sobre as outras cidades como a grande matriz cultural. Seu poder, entretanto não via de sua força militar, mas sim da sua grande produção agrícola bem trabalhada e seus excedentes que atrairia cada vez mais pessoas, transformando-a em uma grande e próspera cidade e isso refletiu nas suas grandes construções. Sua terra pantanosa fornecia um rico material orgânico que proporcionava uma agricultura rentável e graças a sua agricultura a cidade de El Mirador prosperou pelos próximos 450 anos chegando a expandi sua área habitável por uns 20 km e com uma população que ultrapassava milhares. Esse período foi crucial, pois com o desenvolvimento de uma agricultura eficiente houve um surto de crescimento populacional, ou seja, as cidades cresciam cada vez mais o que poderia ter gerado conflitos entre elas, mais tudo indica que esse crescimento ao invés de gerar guerras forçou com que esses habitantes opta-se por o sistema mais centralizado na figura de um líder que pudesse organizar os trabalhos, a construção de diques, canais e expansão constante da lavoura. 

El Tigre


        Seguindo o mesmo padrão da cidade de Nakbé, El Mirador estava divida em dois grandes centros cerimônias cada qual no lado oposto da cidade. O primeiro ficava na zona ocidental e tinha como o complexo principal El Tigre, feito sobre uma planície pantanosa a sua pirâmide central chega a 55 metros de altura e em seu topo se repetia o formato de uma tríade, tão conhecido em Nakbé. Abaixo deste complexo encontramos uma serie de plataformas, praças e outras pequenas pirâmides que provavelmente pode ter sido as residências nobreza. Dessa estrutura o que se destaca é a descoberta abaixo da pirâmide principal, construída sobre a plataforma que serve de base, aonde se encontrar monstruosas mascara de patas de jaguar toda feita de estuco, pintadas de vermelho vivo, podendo indicar a marca de um soberano de El Mirador ou simplesmente uma referência mitológica. 




            Separado por uma calçada de 2 km se encontra o complexo maior, conhecido como o complexo de Danta construído em um terraço de 300 metros de lado e 7 metros de altura aonde se encontrar alguns edifícios e uma pirâmide central de uns 70 metros de altura que hoje se sobressai sobre a selva. Também nesse complexo se encontrou mascaras de deuses, incluindo jaguares que flanqueiam as escadas. Podemos especular que El Mirador nesse período era uma unidade política complexa com capacidade de coagi seus habitantes á construírem essas grandes estruturas, o que sugeri que ela poderia ter sido governada por grandes monarcas e com esse pensamento que o arqueólogo Richard Hansen vem tentando encontra as tumbas desses reis míticos.

Arte e arquitetura a serviço do poder

Danta
      

      Uma das descobertas que surpreendeu os arqueólogos foi o uso do estuco, tão amplamente usado na cidade de Palenque característico de sua arte refinada, fora desenvolvido no pré-clássico e seu uso foi empregado nas grandes construções de El Mirador. Tendo sua base o cal, matéria prima por excelência da arquitetura Maya, o cal era obtido após um longo processo de queima de pedras de cal em fornalhas que se mantinha acessa durante oito a dez horas diária para produzi o pó que iria servi de base para o revestimento das estruturas, calçamento de estradas e impermeabilidade das praças. A sua produção fora feita em larga escala em El Mirador e com ele era possível modelas as mascaras que adornava os edifícios, pintado de vermelho reluzente, azul e amarelo. Através da arquitetura e de sua arte El Mirador podia demonstrar sua imponência refletida no tamanho de suas construções cada vez mais altas e o simbolismo presente nos glifos sagrados empregado nas paredes de seus monumentos, legitimava a ordem social dando a esses templos um ar sagrado que impregnava seus governantes. O símbolo era visível e estava presente em todos os lugares sempre reafirmado sua mensagem, não tendo como escapar dela enquanto estivesse dentro da cidade. Até de longe num cenário de uma floresta plana a pirâmide de Danta com seus mais de 25 andares podia ser vista a distancia impressionando seus visitantes. Mas todo esse esplendor teria um alto preço para a população de El Mirador.

Arqueólogo Richard Hansen


O primeiro colapso Maya. 

             Como o seu calendário cíclico as cidades Mayas sempre estiveram presa em um ciclo de progresso e decadência e El Mirador não fugiu a regra, aliais o estudo do declino de El Mirador nós servi de lição. Até aonde o homem pode prossegui em sua macha pelo progresso? Antes mesmo de o homem moderno começar a polui desenfreadamente o seu meio ambiente os Mayas do pré-clássico já tinha experimentado esse mesmo destino. Vivendo em uma selva El Mirador lutava para conseguir se manter e sustentar sua população sempre crescendo. Sua única esperança era os pântanos que a cercava fornecendo material orgânico, que depois era levado para a cidade aonde era usada nos edifícios, transformando a cidade em um imenso jardim frutífero, assim a população podia expandir sua produção, até certo limite, ultrapassado esse limite era necessário busca novas áreas cultiváveis ou forma novas cidades. 

        A vida dependia desse eterno equilibro e o crescimento demasiado da população poderia implodi todo esse sistema. É de compreende que à medida que a população crescia outras povoações eram feitas a fim de evita esse colapso e o comércio entre essas cidades eram constante mantendo o sistema como todo em funcionamento e suprindo cada região com que lhe faltava, aliais foram basicamente esse mesmo processo que levou a expansão e surgimentos de varias cidade no final do clássico. Entretanto o colapso de El Mirador não se deu pelo seu crescimento demográfico mais sim por sua ânsia construtiva, cada vez maior que se expandia de forma acelerada e necessitava de matéria prima. 

           O cal passou a ser a figura central desse processo, pois sua produção era preciso para construção de novas estruturas e manutenção das existente. Essa demanda por cal cada vez maior por sua vez levava a manutenção constante de grandes fornalhas acesas. Daí quanto mais se construía mais cal se produzia, mais floresta era devastada para manter as fogueiras e com o passar do tempo temos um cenário de uma cidade poluída sempre em atividade que a levava para sua morte. Com as chuvas o cal dos edifícios se desprendia e ia se depositar nos pântanos e esse acumulo de 400 anos levou a infertilidade de seus pântanos que estéreis já não podia produzi para manter sua população interna e nem para exportação, sem excedentes El Mirador perdeu seu poder de troca e entrava em declino. 



           Para acelerar esse processo por volta do ano 100 d.c o clima mudou, ficou mais seco e ao final de 150 d.c a cidade começava a ser abandonada e as pessoas fugiam para áreas cultiváveis, sendo uma delas a cidade de Kaan, que iria nesse tempo começar a se despontar entre as demais cidades. O importante que as cidades como El Mirador e suas cidades subordinada caíram em declino mais nem tudo estava morrendo, cidade pequenas como Tikal continuaram a prossegui assim como outras cidades. A queda de El Mirador teve nessa cidade um efeito de união, suas populações se uniram e para evitar o mesmo fim e começaram suas obras estruturais que garantisse sempre água e um bom cultivo. Nessas cidades esse espírito levou a reforça mais ainda os seus laços entorno de um poder central. E no final de sua queda o poder central de El Mirador se dissipou entre outras pequenas cidades e as novas que surgiam nesse processo. Haveria então um intervalo de 100 anos para que a região volta-se a prospera e começa-se o período clássico, mais nem mesmo no auge do clássico o fenômeno de El Mirador se repetiria novamente. 




quinta-feira, 25 de novembro de 2010

MITOS MESOAMERICANOS - O Nascimento do quinto sol




O mito da criação do quinto sol tem como seu cenário a antiga cidade de Teotihuacán, que iria dominar o imaginário dos povos do vale do México. Nele encontramos personagens da cosmologia Tolteca e não há nenhuma referencia ao deus guerreiro mexica (asteca) Huitzilopochtli, que seria associado mais tarde ao próprio sol e seus diversos mitos. Tal relato provavelmente se espalhou pelos primeiros povos de língua náhualt que colonizaram o vale do México, o que não implica dizer que os mexicanos iriam rejeitar essa cosmologia, pelo contrario são diversos mitos de origem mexicana que faz uma ponte com o mito tolteca do surgimento do quinto sol e nesse mito especifico não se pode deixar de nota os elementos essenciais que fariam parte do sincretismo religioso que os mexicanos iriam sofrer. O povo do sol iria modificar esse mito criando a sua maneira de ver o mundo mais os elementos essenciais como; o sacrifício, a luta entre o sol e a lua iria adentrar o mundo mítico mexicano e estará presente com uma nova roupagem em seus próprios mitos.
Teotihuacán é concebida como o centro do mundo e a morada dos deuses, o próprio nome da cidade assim como das duas principais pirâmides fora dado pelos mexicanos e seu significado quer dizer; morada dos deuses. Uma tradução moderna como nos sugeri Drew David quer dizer “lugar daquele que possui caminho até os deuses”. Para os mexicanos, assim como os povos do vale tudo começara ali, o quinto sol e o esplendo da cultura náhualt em todos seus aspectos deram o primeiro passo nessa grande metrópole.
Os mexicanos jamais viram Teotihuacán em funcionamento, pois quando eles a encontraram ela já se quedava abandonada a mais de 500 anos, contudo a grandiosidade da antiga metrópole impressionou os povos do vale do México, que não tiveram duvida de enxergar aquele lugar como o gênese de todos os povos, pois se os deuses algum dia vivera entre nós, Teotihuacán era com certeza a sua morada e essa idéia iria persisti na mentalidade mexicana, que tentaria criar em sua capital uma réplica do antigo poder da grande metrópole. De fato Teotihuacán fora a maior metrópole da America e sua influência pode ser vista nos murais de cidades mayas como Tikal, Copán e na arquitetura de Chichen itza, todavia toda essa grandeza se encontrava no esquecimento e sua existência passara a residi no mundo dos mitos e no imaginário popular. Mais suas tradições foram passada para sua cidade herdeira, a cidade de Tula, e esta por sua vez introduziu boa parte de seu pensamento nas culturas náhualt, pois esse era um momento de grande fluxo cultural e pode ser descrito como um período áureo conhecido como renascimento tolteca, aonde as idéias da antiga metrópole parecia ganha vida. E nesse cenário de renascimento de fluxos de idéias que Teotihuacán assumiu um lugar mítico como uma espécie de gênesis dessa nova cultura hibrida. Do ponto de vista histórico podemos dizer que todo desenvolvimento cultura se iniciou em Teotihuacán, arquitetura, religião, progresso material e o calendário religioso que surgiria nessa cidade, é a parti de Teotihuacán que o vale iria conhecer a civilização.

Outros elementos que figuram no texto são de importância para compreensão do pensamento que os mexicanos iriam adotar, é a mensagem de que o sol precisava de alimento e esse alimento era o sangue humano, que os próprios deuses, como exemplo á se segui, se ofereceram como sacrifício e entregaram o seu sangue ao sol, assim desde cedo esse pensamento do sacrifício ligado ao medo do fim do quinto sol, dominaria o pensamento mexicano de forma patológica fazendo com que os mesmo transformassem os sacrifícios humanos em uma verdadeira indústria. Nele também vemos uma espécie de protótipo ideal de homem mexicano; o guerreiro modesto que enfrenta a morte sem temê-la, aquele que se deixar sacrificar pela manutenção da sociedade e do cosmo. Esse pensamento iria molda o pensamento guerreiro mexicano.
Por último encontramos o duelo entre o sol e a lua que para os mexicanos assumiria forma da constante luta entre o deus Sol-Huitzilopochtli e de sua irmã, uma feiticeira que aliada aos seus outros irmãos lutam durante a noite, no momento em que o sol esta fraco, para tomar o seu poder. Assim havia sempre o medo de o sol não nascer, o medo do fim da quinta era e para evita esse cataclismo era preciso nutri o sol como o alimento mais poderoso da terra, o sangue humano, pois somente através do sacrifício que o sol poderia continuar a se mover. 



O novo sol em Teotihuacán

Diz-se que quando ainda era noite, quando não havia luz, no tempo sem manhã dizem que se reunirão chamando um aos outros em Teotihuacán.
Disseram e falaram entre si.
- Vinde, oh deuses! Quem tomara sobre si este fardo? Quem levara nas costa? Quem iluminara e quem trará o amanhece?
Em seguida um entre eles falou, ali apresentou seu rosto Tecuciztécatl e ele Disse:
- Oh deuses, em verdade será eu.
Outra vez disseram os deuses.
- Haverá outro mais?
Em seguida todos se olharam entre si se fazendo ver o que pensavam e disseram:
- Como será? Como faremos?
Ninguém se atreveu a se candidata. Todos os grandes senhores manifestaram seu temor e retrocederam. Nada se fez ali visível.
Nanahuatzin, um desse que estava ali reunido permanecia calado e escutando. Então os deuses se dirigiram a ele e disseram:
- Tu! Tu serás Nanahuatzin!
Ele então se apressou a recolher a palavra e a tomou em boa conta e disse:
- Estar bem, deuses. Tem me feito um bem.
Em seguida empenharam a fazer penitencia. Quatro dias jejuaram, Nanahuatzin e Tecuciztéctal. Foi quando acenderam o fogo e ardeu a fogueira, que eles chamaram de fogueira divina.
E Tecuciztécatl ofereceu penitencia com que tinha de precioso: seus ramos de abeto era tal qual pluma de quetzal, suas bolas de grama eram como ouro e seus espinhos de jade. Com as espinha ensangüentada pelo coral e seu incenso era o mais genuíno incenso de copal.
Pois de Nanahuatzin suas ramas de abetos eram de canas verdes, canas novas em feixe de três, todas atadas ao um conjunto de nove.  E suas bolas de gramas eram genuínas barbas de anotas, e suas espinhas eram genuínas espinhas de manguey. E com ela ele realmente se sangrava. Seu copal por certo era aquele que saia de duas feridas.
E cada um deles fez penitencia em seus respectivos montes durante quatro noites. E dizem agora que esse monte são as pirâmides: a pirâmide do sol e a pirâmide da lua.
Quando terminaram as quatro noites de penitencia vieram a jogar por terra os ramos de abetos e tudo aquilo que tinham usado para fazer a penitencia. E tudo isso foi feito. Se levantando em meio à noite para que se cumprisse seu ofício e se converterem em deuses. E na meia-noite eles puseram nas costa suas cargas, seus atavios, seus adornos. A Tecuciztécatl lhe entregou seu tocado redondo de plumas de garça e também seu chalequillo e a Nanahuatzin somente papel e com ele cingiu sua cabeça, cingiu seus cabelos. Seu nome, seu tocado, seus atavios e suas treliças eram de papel.
Feito tudo isso quando deu meia-noite todos os deuses se reuniram enfrente a fogueira que chamava fogo divino e que por quatro dias havia ardido. Por ambas as partes se colocaram em fila os deuses. E no meio deixaram de pé aquele que se nomeava Tecuciztécatl e Nanahuatzin e os colocaram de face voltada para o fogo divino.
Em seguida falaram os deuses e disseram a Tecuciztécatl:
-  Tenha valor oh Tecuciztécatl, lance-se, jogue-se no fogo.
Sem muito tarda foi esse se jogar no fogo. Pois quando sentiu o ardo do fogo, não pode resisti. Não lhe foi suportável e não pode tolerá-lo. Estava bastante quente o fogo, um fogo abrasado que ardia e ardia. Por isto ele veio a ter medo, veio a paralisar-se e veio a voltar atrás em seu intento. Ele retrocedeu. Uma vez mais ele reuniu todas as suas forças tomando a resolução de se lançar e se entregar as chama. Pois mais uma vez ele não conseguiu, pois quando sentia o calor ele regressava e desistia. Por quatro vezes, quatro vezes ele tentou mais não conseguiu se lançar nas chamas.
Após tentar quatro vezes, assim falaram os deuses a Nanahuatzin:
- Agora é tu, agora é tu Nanahuatzin, que seja você.
E de uma só vez Nanahuatzin enfrentou o calor, concluiu o negócio, se fez forte teu coração e fecho os olhos para não senti medo. Não deteve nenhuma só vez e não regressou. Jogou-se, lançou-se ao fogo de uma só vez. E de uma só vez ardeu seu corpo que crepitou nas chamas.
E quando Tecuciztécatl viu que ele ardia, ele também se lançou no fogo. E rapidamente ele ardeu.
E como dizem e se referem, então tomou vôo uma águia, o os seguiu se lançando de súbito no fogo, e se lançando na fogueira quando, todavia eles ardiam. Por isso suas plumas são escuras e estão sempre queimadas. E também se lançou a onça quando o fogo já começava a se extinguir. Por isso ela somente se pintou, se manchou com o fogo, se queimou. E não ardia muito o fogo, por isso só esta manchada, por isso somente tem mancha negras, somente esta salpicadas de negro.
Por isso dizem que ali esteve que ali se recolheu a palavra; eis o que se dizem eis o que se referem: aquele que é capitão, varão esforçado se chama águia e tigre. Vem se primeiro águia, segundo se dizem por que ela entrou primeira no fogo. E a onça (ou tigre já que nos texto náhualt onça foi sempre traduzida pela palavra tigre, que era as duas legiões de guerreiros no exercito mexicano) vem depois. Assim se pronuncia conjuntamente águia-tigre, porque este último caiu depois no fogo.
Assim se sucedeu: quando os dois se jogaram no fogo e se queimaram os deuses se sentaram e aguardaram para ver por onde sairia Nanahuatzin, o primeiro a cai no fogo para surgi como o sol e trazer a alvorada.
Quando se passou um longo tempo pela qual esperou os deuses, começou então a surgi tons púrpuras que circundava por toda parte, era a aurora, a claridade da luz. E como dizem os deuses caíram de joelhos esperando ver por onde sairia o sol. E por toda a parte eles olhavam sem direção fixa a circundar sua vista por todo horizonte. E em nenhum lugar com suas palavras e seus conhecimentos chegaram a um consenso. Nada coerente puderam falar. Alguns pensaram que iria sair da direção dos mortos, o norte, e para lá olhavam fixamente. Outros da direção das mulheres, o poente. Outros mais da região dos espinhos e para lá quedaram sua visão. Por toda parte pensaram que sairiam, pois por toda parte a claridade do sol iluminava.
Pois alguns quedaram olhando em direção a cor de vermelho vivo, o oriente e dissera:
- Em verdade de lá, de lá saíra o sol.
Foi verdadeira a palavra destes, que para lá olhavam e faziam o sinal com o seu dedo. Como dizem aqueles que para lá olhavam foi Quetzalcóatl, o segundo de nome Ehécatl e Tótec e o senhor de Anáhuatl e Tazatlipoca vermelho. Também aquele que se chamava Tiacapan, Toicu, Tlacoiehua, Xocóiotl. E quando o sol veio a sai, quando veio se apresentar, apareceu como se estivesse pintado de vermelho. Não podia ser contemplado seu rosto, pois feria os olhos das pessoas, pois seu brilho era muito forte, lançava os raios de luz e seus raios chegavam a todas as partes e a radiação de seu calor a tudo penetrava.
E depois veio sair Tecuciztécatl que ia seguindo; também via da direção da cor vermelha, o oriente, junto com o sol ele veio se apresentar. Do mesmo modo como vieram cair eles veio sair, um seguindo o outro. E como se diz e como se narra, que eram da mesma aparência e a tudo eles iluminavam. Quando os deuses o viram que eram iguais em aparência, de novo uma vez mais convocaram um conselho e disseram:
- Como haverá de ser oh deuses? Por acaso dois juntos seguiram o caminho? Por acaso assim haverá de iluminar todas as coisas?
Pois então todos os deuses tomaram uma decisão e disseram:
- Assim haverá de ser, assim haverá de ser.
Então um desses senhores, dos deuses, saiu correndo. Com um coelho foi feri o rosto de Tecuciztécatl e assim escureceu o seu rosto, assim feriu o seu rosto como agora se ver.
Porém ambos continuavam seguindo juntos e tão pouco podiam se move e nem segui seu caminho. Somente ali permaneciam parados. Por isso uma vez mais disseram os deuses:
- Como haveremos de viver? Não se move o sol. Acaso introduziremos a uma vida sem ordem os Macehuales, os seres humanos? Que por nosso meio se fortaleça o sol. Morramos todos!!!
Logo foi o oficio de Ehécatl dar morte a os deuses. Mas Xólotl falou aos deuses que não queria morre.
Assim houve muito pranto, se incharam os olhos, se incharam as pálpebras. E a ele se acercava a morte e ante ela ele fugiu se meteu na terra de milho verde, se alargou o seu rosto, se transformou e se quedou em forma de milho divido que chamam o camponês de nome de Xólotl. Pois dentro da semente do milho foi visto. Uma vez mais se levantou diante deles e fugiu para os campos de magueyes. Também se converteu em magues de xólotl. Pois uma vez mais foi visto e se meteu dentro d`água e veio a se converte em ajolote, em axólotl. Pois ali vieram a colhê-lo e assim lhe deram a morte.
E dizem que todos os deuses morreram, e não é que com isso o sol se moveu, com isto pode seguir seu caminho ele o deus Tonatiuh. Então foi o oficio de Ehécatl por de pé o vento, e com ele empurrá-lo. Assim pode mover-se o sol, pode segui seu caminho. E quando este andava, quedava-se a lua parada. E quando via o sol se esconder então a lua começava a se mover. Assim se separou, cada um seguiu para seu caminho. Saia uma vez o sol a cumpri seu oficio durante o dia e a lua fazia seu ofício noturno a passar a noite a completar o seu labor.
Daqui se vê daqui se diz que aquele podia ter sido o sol, Tecuciztécatl, se primeiro tivesse se jogado ao fogo. Porque ele primeiro se apresentou para fazer penitencia com todas as coisas preciosas.
Aqui acaba este relato, este conselho. Destes tempos antigos se referiam a isso os anciões, que tinha a função de conservá-lo.





 Glossário 

Maguey – São plantas as vezes enormes, grossas e carnosas que formam um imenso casulo que finalmente se abre todo quando floresce a cabo de vários anos. Delas obtém os índios toda classe de produtos: vinho, fibras, papel, combustível.

Ehécatl - "Vento", "ar", "vendaval". Nome de Quetzalcóatl em sua invocação ao deus do vento.

Macehuales – Os merecido de penitencia. Nome pela qual os homens são conhecido pois sua existência somente veio se realizar graça a penitencias dos deus.
Xolotl: Etimologia incerta de xolochtli: "enrugado". Era um deus, originalmente de pouca importância, que se recusou a ser imolado como os demais deuses no momento da criação do homem. Salamandra: AXOLOTL, salamandra aquática mexicana, notável por se manter sempre e se reproduzi em estado larval, sem nunca chegar à forma adulta. Passou a se considerado uma espécie de ser capaz de se adaptar as formas mais monstruosas. Irmão gêmeo de Quetzalcóatl considerado seu oposto no físico e no caráter.
Tonatiuh: Do verbo: "brilhar", "iluminar" terminação no futuro equivale a fazer brilhar, o que faz o dia, ou simplesmente o sol.
Tecuciztécatl: Senhor dos sinos.

Bibliografia:
GUERRERO, José Luis “Flor y Canto del Nacimiento de México”, Ed. Digitalizada.
-  Literatura del Mexico antiguo; Ed. Digitalizada.
-LÉON-PORTILLA, Miguel “Los antiguos Maxicanos a através de sus crónicas y cantares”: Ed . Digitalizada.
- Documentário “ Arquitetura secular; pirâmide da morte” produção National Geographic.
-DREW, Davis “las crónicas perdidas de los reyes mayas”; editora siclo veintiuno, Ed. 2002.