quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

MITOS MESOAMERICANOS - A viagem a Mictlan

  




        Após os deuses terem criador o quinto sol na cidade de Teotihuacán começa uma nova saga na mitologia do vale do México que terá como personagem principal o deus tolteca Quetzalcoatl, símbolo da civilização e da sabedoria. 

           Quetzalcoatl terá como desafio povoar a terra com uma nova raça humana, para isso será preciso recuperar os antigos ossos sagrados, oriundo das quatro raças que habitaram a terra nas quatro Era passada. Ele então viajar até o reino de Mictlan, o reinos dos mortos, aonde os ossos sagrados foram entregue pelo deus Tonatiuh (deus sol), que mais tarde seria associado ao deus guerreiro Mexica Huitzilopochtli. Tonatiuh havia entregado os ossos sagrados ao deus esqueleto Mictlantecutli, governante do reino dos mortos. Em Mictlan o deus Quetzalcoatl enfrentara diversos obstáculos até conseguiu os ossos sagrados e estabelece uma nova raça humana com ajuda dos outros deuses. 

           O que podemos extrair desse mito são os elementos do sincretismo que os povos do vale do México sofreram. Quetzalcoatl deus tolteca, o representante da civilização entra aqui como um intermediário, uma divindade que se sacrifica em pro da humanidade. Novamente a um retorno ao tema do sacrifico dos deuses como parte essencial da manutenção da vida, só que agora o sacrifício é de outra espécie. Será através da perfuração de seu membro que a vida retornara a terra, o que diferi de uma concepção imaculada cristã. Aqui há uma referência ao sexo como gerador da vida e tal concepção perpassa nos mitos da mesoamerica e estaria presente entre os Mayas, principalmente nos rituais privados aonde os reis Mayas encenavam o mito da criação perfurando o seu membro genitor. 

          Entretanto não pode ser confundido Quetzalcoatl com um deus criador onipotente, pois na verdade ele é um entre vários deuses e se destacar pelo seu amor a humanidade. Outro ponto importante que se deve levar em questão e a citação da cidade de Tamoanchan que para o nahuas era uma espécie de Olimpio aonde os deuses haviam surgido. 

        Segundo alguns mitos, Tamoanchan aparece como o lugar originário dos povos de línguas náhuatl, que após terem saído de lá migraram para a metrópole de Teotihuacán. Historicamente sabemos que Teotihuacán começou a ser construída por volta do ano 300 e que os povos de línguas náhuatl por sua vez chegaram ao lago entre 900 e 1302, ou seja, o mito ao se referi a cidade de Tamoanchan como antecessora tenta fazer uma ponte com passado dos habitantes dessa região, sabe-se que, por exemplo, que os mexicas em outros mitos falariam de um retorno a Tamoanchan por um grupo de sábio, que mais tarde teriam retornado a vale em uma segunda migração a fim de trazer a cultura e a civilização e seriam justamente os mexica os responsáveis por isso, o povo eleito para manter os ciclos terrestres e evita o fim do quinto sol. 

      Toda essa cosmológia só foi possível porque Teotihuacán já se encontrava no sono do esquecimento e tinha se deslocado do mundo histórico para o mundo mitológico, ao mesmo tempo em que segundo os cronistas por volta de 1430 os mexicas teriam promovido uma reforma cultural queimando os antigos livros e criando uma nova cosmologia onde os mexica passariam a figura como o povo escolhido.

       Esse mito hibrido tem o papel de mescla essa duas cultura, a tolteca e a cultura náhuatl ligando os diverso mitos em torno de um só corpo. Por isso que nele aparecem figuras e divindades diversas que teriam entrado no panteão mexica como deuses secundários ou relacionado aos aspectos dos fenômenos naturais e deuses cultuados por diversos povos agrícolas, que vivia abaixo das asas dos mexica e formava um intricado mundo de mitos e lendas e tradições de culturas diversas.





A viagem a Mictlan





E em seguida se convocaram os deuses. 

Disseram: - "Quem vivera na Terra? 

Porque foi cimentado o céu 

e foi cimentada sol 

Que habitará na terra, oh deuses? " 

Estavam aflitos 

Citlalinicue, Citlaltúnac, 

ApaníecuhtH, Tepanquizqui, 

Quetzalcoatl Tezcattipoca. 



E então Quetzalcoatl foi à Mictlan, 

E se aproximou Mictlantecuhtli e Mictlancihuatl 

e em seguida Quetzalcoatl disse: 

- "Eu vim em busca de ossos preciosos 

que tu guardas, 

venho tomá-los. " 

Mictlantecuhtli lhe disse: 

- "O que você vai fazer com eles, Quetzalcoatl?" 

E mais uma vez ele disse [Quetzalcoatl] 

- "Os deuses estão preocupados porque ninguém vive na terra." 

Mictlantecuhtli lhe respondeu: 

- "Está bem, basta tocar o meu caracol 

e gira quatro vezes 

ao redor do meu círculo precioso." 



Mas o seu caracol não tinha buracos; 

então chamou [Quetzalcoatl] as minhocas; 

fez os furos e, em seguida entraram os zangões e as abelhas 

e o fizeram soar. 

E Mictlantecuhtli disse novamente: 

- "Está bem, pegue os ossos." 

Mas Mictlantecuhtli disse aos seus servos: 

- "Gente de Mictlan! 

Deuses, diga Quetzalcoatl 

que ele deve parar. " 

Quetzalcoatl repousou: 

- "Não, desta vez agarre-o." 

E ele disse ao seu nahual: 

- "Vai e diga a eles que eu quero sair." 

E ele gritou: 

- "Eu vou sai." 



Então ele subiu, 

pegou os ossos preciosos. 

Estava juntos de um lado os ossos de um homem 

e, juntos do outro lado os ossos de uma mulher 

e os tomou 

e Quetzalcoatl fez com eles um ato sagrado. 

E mais uma vez Mictlantecuhtli disse aos seus servos 

- "Deus, deveras realmente Quetzalcoatl leva 

os ossos preciosos? 

Deuses vão e façam uma cova. " 

Em seguida, eles foram fazer e 

Quetzalcoatl e caiu na cova, 

Achava-se com medo dos cordiz.. 

Ele caiu morto 

e se espalharam os ossos preciosos 

e os cordiz começaram a roer e morde-lo. 



Após algum tempo ressuscitou Quetzalcoatl 

e chorando disse a sua nahual: 

- "O que devo fazer, meu nahual?" 

E ele respondeu: 

- "Posto que as coisas saíram mau e são como são. 

E recolheram os ossos em seguida os juntou, 

E em seguida levaram a Tamoanchan. 




Logo que chegou, 

ao que é chamado Quiíaztli, 

e que é Cihuacoatl, 

moeu os osso 

e logo em seguida os colocou em uma tigela sagrada. 

Quetzalcoatl sangrou nela seu membro. 

E então os deuses fizeram penitência 

os que foram nomeados: 

Apantecuhtli, Huictlolinqui, Tepanquizqui, 

Tlallamánac, Tzontémoc 

e o sexto deles Quetzalcoatl. 

E eles disseram: 

- "Tem nascido, oh deuses os 

macehuales [merecido por] penitência. 

Porque, nós os deuses 

fizemos penitência. 






Glossário
           CITLALINICUE: De citlalli: "estrella", "astro": posesivo: "sua" e de cuéitl: "fralda", "anágua": A FRALDA DAS ESTRELAS. Aspecto feminino de MIXCOATL que seu aspecto diurno, é CITLALLATONAC, e se diz céu estrelado, noturno, e o céu brilhante, diurno. 

           CIHUACOATL: De cíhuatl: "mulher" e cóatl: "serpente": SERPENTE MULHER, antiga deusa mãe, também clamada de CUAUHCIHUATL: "mulher águia", YAOCIHUATL: "mulher guerreira", TZIZIMICIHUATL: "mulher do ar" 

           MICTLAN - De micqui: "morto" e tlan: "junto a": LUGAR DOS MORTOS. Os espanhóis traduziram "Inferno", pois esta mais para o hardes grego, pois é o local para aonde vai todos que morreram de morte natural independente da sua conduta na terra e sua origem. Mictlan não era o lugar de tormentas e nem castigos aonde se expiava os pecados como o purgatório cristão. Era tenebroso, frio e desaprazível, lugar escuro que não tem luz e nem vento aonde nada se podia sentir e os mortos passavam quatros anos antes que viesse deixa de existi. 


Bibliografia: 

     - GUERRERO, José Luis “Flor y Canto del Nacimiento de México”, Ed. Digitalizada. 

     - Literatura del Mexico antiguo; Ed. Digitalizada. 

      -LÉON-PORTILLA, Miguel “Los antiguos Maxicanos a através de sus crónicas y cantares”: Ed . Digitalizada.







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