domingo, 21 de novembro de 2010

MITOS MESOAMERICANOS

        A reprodução que se segui a baixo é do mito da criação na visão tolteca que teve sua construção literária  na grande cidade de Tula - 950 e 1150 d.C - e foi extraida dos Anales de Cuauhtitlán. A visão do mundo tolteca influenciaria outras culturas sendo uma delas a cultura Mexica ( Asteca) que chegaria ao vale do México  por volta do ano de 1325 d.C., tomaria alguns dos mitos Toltecas para compor a sua cosmogomia.  


Assim se falava, assim diziam
Que havia existido quatro vidas,
e que essa é a quinta Idade.

Como já bem sabia os nossos antepassados que no ano 1-Rabbit
foi criada a terra e o céu.
E eles sabiam que quando se fez a terra e o céu,
já havia tido quatro classes de homens,
quatro tipos de vidas.
Sabiam também que cada uma delas havia existido antes da Idade do Sol

E eles disseram que os primeiros homens
seu Deus os fez, e os forjou das cinzas.
Isto é atribuído ao Quetzalcoatl
cujo sinal é 7-Vento
ele fez os homens, ele os inventou.
O primeiro sol foi criado,
seu sinal era de 4-Água
e se chamou essa idade de água.
E sucedeu que tudo foi destruído pela água.
E o povo converteu-se em peixe.

Se fez logo o segundo sol
Sua marca era  4 Tigre.
E foi chamado sol do tigre.
E sucedeu
Que se oprimia o ceu,
E o sol não conseguia seguir o seu caminho.
E ao chegar ao sol de meio-dia
Logo se fazia noite
e quando caia as trevas,
tigres comiam as pessoas.
E neste sol viviam os gigantes.
E diziam os nosso ancestrais
Que os gigantes assim se cumprimentavam:
"Você não vá cair"
porque aqueles que caem,
caem para sempre.

Se fez depois o terceiro Sol
Seu sinal era 4-chuva.
E se chamava o sol da chuva de fogo.
Sucedeu então uma chuva de fogo
E todos que vivam da terra foram queimados.
E também choveu sobre a areia.
E eles disseram que
regou com seixos e a pedra tezontle fervida
 liberada das rochas.

Sua marca foi de 4 Vento
Foi feito depois do quarto Sol 
Vento  foi dito.
Para ele, tudo foi levado pelo vento.
Todos foram transformados em macacos.
Para as montanhas serão dispersadas,
eles se transformaram em macaco-homem.

Quinto Sol:
4-movimento é seu sinal.
É chamado Sol do Movimento,
porque ele se move, se move.
E como diz o velho,
nele haverá movimentos na terra,
haverá fome e assim pereceremos.
No ano de 13-Caña,
afirma que entrou em  sua existência,
 nasceu o Sol que existe agora.

Foi quando tudo se iluminou,
quando amanheceu,
o sol do movimento que agora existe.
Quatro movimento é o seu signo.
Este é o quinto sol, que foi cimentado,
e nele haverá movimentos na terra,
nele haverá fome. 

O sol, de nome 4 Movimento
este é o nosso sol,
em que vivemos agora
e aqui esta seu sinal
como ele caiu no fogo do Sol
no fogo divino,
lá em Teotihuacan.
igualmente foi este sol.
do nosso príncipe, em Tula,

ou seja Quetzalcoatl.




         A primeira estrofe “Assim se falava, assim diziam”, já nos indica o domínio do antigo e do conhecimento passado de geração para geração, que se suceder de povos para povos de línguas nahuas. Todo mito é dividido em estágios ou Eras, simbolizando a sucessão de povos que depois de encontrar seu auge caem no declino e no esquecimento. Isso se dar por que os povos de línguas nahuas, que ocuparam o vale do México logo após a queda da cidade de Tula, encontraram em suas peregrinações grandes cidades abandonadas como, a grande cidade de Teotihuacán que na sua visão cosmológica passou a ser o local do nascimento do quinto sol. 
          Assim na sua cosmovisão essas grandes cidades fantasma faziam parte de um passado mítico, um passado que eles não tinham participado, mas que através de sussurros e ecos dos ancestrais que preservavam suas antigas tradições eles podiam escutar. 
       O seu passado mais próximo estava associado a cidade de Tula e seu antigo lendário príncipe Quetzalcoatl, que ora aparecer como príncipe, ora como sacerdote e ora como o deus criador do homem físico para alguns ou do homem civilizado para outros. Ele é o doador do conhecimento e da sabedoria, o que separa o homem do animal. 
       O deus Quetzalcoatl sempre foi associado ao calendário, ao conhecimento. Ele é o que civiliza os povos e adquiriu nas crônicas dos conquistadores uma espécie de status de deus messiânico comparado a cristo. Ao mesmo tempo em que ele em algumas correntes religiosas passa a figurar como a abstração da sabedoria de um único deus, o doador da vida. 



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